terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Tristeza não tem fim?

Às vezes eu acho que a gente aprende na vida é a distrair a tristeza.
E todo mundo tem um tristezinha (ou uma tristezona) que dorme e acorda consigo todo dia. Só que tem uns que enganam ela melhor (fizeram teatro ou circo?) e assim ela fica só a gargalhar, bem escondida, como mera espectadora.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

Não, obrigada.

E quem disse que eu quero uma história com final feliz?
Eu quero é uma história sem final.

terça-feira, 21 de dezembro de 2010

Divã

Engraçado: enquanto olho para a parede e para dentro de mim, o analista vê os meus pés e (talvez) saiba muito mais de mim do que eu mesma.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Ela

Silêncio. Gostava de vê-la assim.
Achava que ela era bonita todos os dias, principalmente porque não tinha a pretensão de ser. Ele gostava disso, e gostava também de quando ela prendia o cabelo, reclamava que o salto lhe tirava a agilidade e que o rímel lhe ardia os olhos. Achava bonito o jeito que ela dobrava suas roupas, ou até quando, muito cansada, as amontoava sobre a cadeira do quarto. Havia horas em que ela até praguejava, no trânsito ou contra a falta de educação alheia. Mas ainda assim ele gostava.
Gostava porque era simples. Não fazia força, nem perguntava porque. Deixava que ela entrasse e preenchesse os espaços (e ela o fazia de maneira gentil), bagunçasse um pouco suas idéias e o fizesse se sentir vivo. Ela tinha esse "poder" sobre ele, mas nem sabia que tinha (ou fingia não saber). Ele gostava disso e de cada detalhe descoberto toda vez que olhava para ela, em silêncio.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Obviedades da vida

Tão bom quando coisas incríveis acontecem. Mas elas só são incríveis porque raras, senão, seriam cotidianas, beirando o banal.

" Ser feliz é luxo." (Superluxo, Nina Becker)

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Adiante

É como se eu pudesse re-sentir o amargo do que passou. E apesar do amargo, da insônia, da desilusão, da luta comigo mesma, o desejo de continuar não se foi. Tudo deu lugar a um simples "eu posso". Disso eu quero me lembrar todos os dias.

(Eu passei. Na USP. É bom quando algo nunca antes imaginado acontece.)

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Memória

Pessoas não são esquecidas. Elas apenas mudam de lugar no nosso coração.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

(Des)confortável

"Tudo é superficial, meu bem, tudo é epi-dér-mico." (Julio Cortázar, em "O jogo da amarelinha").

Que tal viver neste mundo "epidérmico", onde há anseios por qualquer coisa para a qual não se dá nome.
Na verdade, não se sabe quem ou como, estão todos perdidos em desejos fugazes. Dá trabalho construir relações, mantê-las e também se frustar com elas, afinal, somos uma geração com baixíssimo limiar para a frustração. Vê-se nas comunidades, sites de relacionamento na internet, em que todos são bonitos, legais, agradáveis e sem defeitos. Ninguém quer descobrir a "feiúra" alheia, daí mantém-se tudo âmbito do "epidérmico", "subcutâneo" já é arriscado e pode ser perigoso demais.

sábado, 4 de dezembro de 2010

Ele sabia das coisas

"Mas as coisas findas,
muito mais que lindas,
essas ficarão."

(Drummond bem que podia não ter razão, pelo menos dessa vez).

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Verbete ácido

Idiota: aquele que se sente encorajado pela idiotice alheia.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

De mentira

Cada um vive as mentiras que escolhe.
Eu tento viver as minhas ao avesso, não acreditando muito nelas não.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

A vida

É igual andar de salto em rua de paralelepípedo: a gente tenta, mas como é difícil manter o equilíbrio e elegância.

domingo, 21 de novembro de 2010

Tulipas amarelas

Belas e contrastantes. Sua existência é simples, mas marcante.
Não há como não percebê-las, afinal, são amarelas - quer cor mais ensolarada?
Assim, seguem ensolarando quem as olha com o olhar que merecem. São raras. Difíceis de cultivar? Nem sempre. Há quem as cultive muito bem, pois descobriram o valor de uma flor dessas. E colhem beleza todos os dias. Devolvem com gratidão o que recebem, em silêncio.
Mas sim, há quem não goste de tulipas amarelas, assim como há quem não goste de chuva, calor ou mostarda. Pode-se escolher rosas vermelhas, mais fáceis de encontrar (mais efêmeras também). Mas é questão de escolha mesmo. Tulipas amarelas não são para qualquer jardim.

domingo, 14 de novembro de 2010

Amor, amar

Arriscado falar de amor, muito fácil cair no lugar comum. Mas como é uma fase de experimentos, e sem riscos não tem graça, vamos falar de amor.

Eu não acredito no amor, eu experimento o amor todos os dias. Cresci dentro dele. Então, hoje, não é difícil entender porque todas as minhas escolhas são baseadas nele. A casa dos meus pais é puro amor, minha mãe tem uma capacidade inesgotável de amar, e foi nesse amor que crescemos. Digo que não é o amor cego, ele tem pitadas de razão, importantes para viver no mundo.

Eu sou capaz de amar, porque escolhi amar, e escolhas não são simples. Tem horas que são doídas e aí fazem a gente refletir se vale a pena do jeito que é. Algo me diz que sim, vale sim. Eu chego moída de cansaço ao final do dia, mas com uma satisfação imensa de ter espalhado (um pouco) de amor no mundo. E acho que o mundo precisa de amor sim, em sua forma mais ampla (porque amor homem-mulher é só uma partezinha do que o amor pode ser, e talvez o leitor esperasse que eu dissesse sobre esse tal amor aí). Feliz aquele que aceita o amor e aprende que pode ser bonito, bom, inteiro. E complementar.

Tudo isso soa tão fora de moda. Mas há algum tempo me reconheci assim, demodée.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Não tá cabendo não

- Não tem nem motivo e eu tô chorando.

- Se é de alegria, tá valendo.

- Pois é, tem horas que parece que transborda.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

É finito

Toda tristeza é produtiva, desde que temporária.

domingo, 7 de novembro de 2010

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Processar

É como se acabar não acabasse mas precisasse todo dia de manhã se acabar mais um pouco.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Sim.

- Eu aceito.

(Mais café. Ir ao cinema no meio da semana. Tomar sorvete à meia-noite. Mudar de emprego. Mudar de cabelo. Mudar de casa. Mudar. A dor. O que vem depois da dor. A inconstância. A falta de controle. A beleza que há no percurso. A dificuldade para levantar de manhã. O sono no meio do dia. A insônia. O cansaço. A fé. O vazio que se preenche a cada dia. A solidão. O amor por mim mesma. A minha idade. O orgulho por não desistir. A conquista. A esperança. Os sonhos. As possibilidades. O aprendizado. O lado feio, mas também o belo. O que nunca experimentei. O sentir intenso, real. A vida, com tudo que vier junto.)

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Sobre "Algum lugar entre aqui e agora"

(Na estação de trem, ela chegando, ele, partindo. Ou não. Não sabem, ambos, o que querem ou o que fazem na sua própria cidade.)

Esteja confortável aonde está.
Busque sempre.
Viaje, mas nunca a procura do que não tem.
Aonde for, leva você mesmo, mesmo que esteja em casa ( "casa" nem sempre é "lar").
Volte, quando necessário.
Permaneça, pode fazer a diferença.
Limpe a mente e quando partir, tenha certeza de que está na hora.
Sem fatores de confusão.


( Título emprestado - assim como o início entre parênteses - do filme do Festival Indie BH 2010, "Somewhere between here and now". Achei o título irresistível. O filme, sensacional. )

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Diálogo

- Eu vou ser pai. E você, é uma noiva em fuga?

- Não, mas preciso de tênis novos.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Quase texto

Hoje eu sonhei um texto, era dos bons. Pensei em levantar na madrugada e escrever.
Só que o frio (gelado) e o sono me impediram.
Pior castigo: levaram-no embora (ou surrupiaram-no e ganharão muitos louros com ele).
Maldito ladrão da noite.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Nas alturas (parte 2)

Preciso de saltos mais altos. Beeeem mais altos.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Recheado

Prefere recheio doce ou salgado?
Quente ou frio?
Ou prefere sem recheio?
Recheio novo ou o sabor de sempre?
Experimente! Tem recheio pra todos os gostos.

(Texto inútil.)

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Nas alturas

Hoje eu subi no salto.
Visto de cima, o mundo pode parecer mais bonito.
E as coisas parecerem menores do que realmente são.

sábado, 10 de julho de 2010

Era uma vez...

Quando menina, achava a vida boa e que assim permaneceria.
Acreditava e vivia.
Uma decepção (ou meia dúzia delas) depois, ganhou uma lucidez que quase ofuscava sua visão. Não havia mais espaço para a menina.
Estava encharcada de realidade.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Do you know what it feels like for a girl?

Eu (que nem sou fã da Madonna) fiquei com a canção do título na cabeça.

"(...)'Cause it's OK to be a boy
But for a boy to look like a girl is degrading
'Cause you think that being a girl is degrading(...)"

Que tal. Quem pensa assim?
Talvez pior não seja pensar, mas agir assim.

Degrading.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

O tempo

Não o vejo passar.
Vou na contramão: para mim ele não caduca ou faz envelhecer, mas traz o novo. Faz acontecer a mudança de dentro que, vista de fora, toma o nome de escolha.
Traz a serenidade oscilante frente ao incerto. Está também na angústia que traz a solução.
Inexato para descrever, intenso. Existe, mas não se define. Momentâneo, mas eterno na forma de memória. Dele não temos controle.

(Texto dedicado a mim mesma, que sempre inimiga do tempo, hoje faz as pazes com ele. Feliz nova década!).

domingo, 11 de abril de 2010

Uma tristeza

Mário Quintana repousa sobre a minha janela e olha pra mim.
Não lhe dou atenção já faz uns dias.
Faz falta ler o Mário. Faz falta ler.
Tanta coisa faz falta.
Tanta gente faz falta.
E assim a vida segue.

segunda-feira, 29 de março de 2010

quinta-feira, 18 de março de 2010

Sobre a moça morna

Joana não ia ao salão. Não fazia as unhas (mal conseguia fazer a si mesma, todos os dias). Olhava as pessoas enquanto atravessava a rua, no trabalho, no shopping. Estava sozinha a maior parte do tempo, e isso lhe trazia a peculiaridade de ser assim, observadora.
Joana gostava de filmes de chorar, embora não chorasse nunca. Nem na vida real. Nem de alegria, nem de tristeza. De dor, só lembrava ter chorado quando criança. Não mais.
Gostava de andar de bicicleta e tinha mania de colher flores pelo caminho. Murchavam todas até chegar em casa. Mas isso a fazia feliz, a companhia das flores enquanto pedalava.
Não se queixava. Se irritava às vezes, mas fingia que não. E assim fingia várias coisas: que gostava do vizinho, que o emprego era bom, que não ligava pra solidão. Fazia-lhe bem? Não sabia. Não sabia como era ser diferente. Sabia apenas que era confortável permanecer.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Queria mesmo...

era ser boa com as palavras e escolhê-las exatas.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

Abandono

Decidiu que não fazia mais sentido e simplesmente largou mão. Não tinha o hábito de abandonar nada, pelo contrário. Mas achou necessário, quase vital. Experimentou uma sensação nova, de liberdade ou sabia lá qual o nome daquilo. Sabia apenas que era bom e que até sentia um vazio vez por outra, mas naquele momento esvaziar-se dava-lhe conforto. Talvez era isso que buscava. Ou talvez não buscasse nada, apenas queria o apredizado do abandono.

domingo, 10 de janeiro de 2010

Sem edição

Tem coisas na vida que eu acho que é brincadeira, e das de mau gosto. Começou com uma prova da faculdade, logo no primeiro período, eu tinha certeza que o professor ia entrar e dizer naquele sotaque dele: errei, não era essa prova. Mas não. Eu fiquei a prova inteira esperando, não aconteceu.
Agora sempre que alguma coisa que eu não queria acontece, eu acho que vai vir alguém e avisar: "não era isso não, erraram seu script". Como se a vida não acontecesse ao vivo e pudesse ser editada. Não pode.