segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Ela

Silêncio. Gostava de vê-la assim.
Achava que ela era bonita todos os dias, principalmente porque não tinha a pretensão de ser. Ele gostava disso, e gostava também de quando ela prendia o cabelo, reclamava que o salto lhe tirava a agilidade e que o rímel lhe ardia os olhos. Achava bonito o jeito que ela dobrava suas roupas, ou até quando, muito cansada, as amontoava sobre a cadeira do quarto. Havia horas em que ela até praguejava, no trânsito ou contra a falta de educação alheia. Mas ainda assim ele gostava.
Gostava porque era simples. Não fazia força, nem perguntava porque. Deixava que ela entrasse e preenchesse os espaços (e ela o fazia de maneira gentil), bagunçasse um pouco suas idéias e o fizesse se sentir vivo. Ela tinha esse "poder" sobre ele, mas nem sabia que tinha (ou fingia não saber). Ele gostava disso e de cada detalhe descoberto toda vez que olhava para ela, em silêncio.

Nenhum comentário: