quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Sonho de dois

"Tinham dormido com as cabeças encostadas e aí, nessa premência física, na coincidência quase total das atitudes, das posições, da respiração, do mesmo quarto, do mesmo travesseiro, da mesma escuridão, do mesmo tique-taque, dos mesmos estímulos da rua e da cidade, das mesmas radiações magnéticas, da mesma marca de café, da mesma conjunção estelar, da mesma noite para os dois, aí estreitamente abraçados, tinham sonhado sonhos diferentes, tinham vivido aventuras diferentes, um sorriso enquanto a outra fugia aterrorizada, um voltara a prestar exame de álgebra, enquanto a outra chegara a uma cidade de pedras brancas.(...) Como era possível que a companhia diurna desembocasse inevitavelmente naquele divórcio, naquela solidão inadmissível do sonhador?" (Julio Cortázar, em O jogo da amarelinha)

Alguém para sonhar igual. Eu não desisto mesmo.

2 comentários:

Anônimo disse...

Isto sim é sensibilidade, perceber que com cassal é feito de dois seres completos e de metades.

Henrique disse...

siga! nao entendo mto bem dessas tecnologia, mas estamos ae. vlw bjs.